Nós estudamos juntos no "segundo grau", em um curso de contabilidade que tinha na cidade vizinha. Depois de fazer magistério, quem não ingressava na graduação e queria continuar estudando fazia este curso.
Na época não tinha muita afinidade com os números e pra dizer bem da verdade nem gostava muito da área. Pois diferente do que se possa imaginar, tem coisas que aprendemos e aplicamos durante a vida, assim são as regras de três que utilizo em quase todos os cálculos da gestão. Foi válido, aprendizado sempre é.
Ele sempre foi alegre e gentil, chegava na aula pontualmente e de banho tomado, coisa que eu admirava porque saia do trabalho e corria pegar o ônibus para chegar a escola e o banho era luxo pra depois das 23h quando eu retornava novamente pra casa. Também lembro bem como tinha facilidade em resolver as atividades que eram propostas e tinha a empatia de contribuir por terminar antes, ensinava quem tinha dificuldades.
Um amigo querido que lembro com carinho. Nunca mais o vi, sei através das redes sociais que está na capital, é um policial , tem esposa filhas, tornou-se um homem de bem, certamente. Tem uma alma bonita.
No sábado depois de aproximadamente 25 anos, nos vimos novamente, nos reconhecemos no mesmo instante, rimos, conversamos sobre amenidades, como se fossemos ainda adolescentes, ele me contou que sua mãe está internada e que veio visitá-la, sua esposa estava no hospital passando a noite com ela.
Voltei feliz, sábados de música ao vivo me deixam assim, ainda mais quando a vida proporciona reencontros, nossa(!), faz a gente pensar, ficar nostálgica e se assustar verdadeiramente com a fugacidade do tempo. Ele é implacável, corre solto, sem que a gente possa domesticá-lo.
Meu amigo de escola se transformou em um homem, a única coisa que fisicamente o identifica são os olhos, continuam alegres e prestativos.
Deitei pensando e assim acordei, o que se preserva em mim, daquela garota obstinada, que abria mão até do banho para chegar na escola, quais os sonhos que ainda moram aqui? Quantos eu consegui realizar neste espaço de tempo? O que me era Valor e ainda continua sendo? De quais preconceitos me livrei? Quais os valores que me acompanham desde lá? Porque será que quando me vejo não percebo as marcas e as pintas que o tempo está deixando por aqui? Será que tenho me enxergado somente do lado de dentro?
Nossa!
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