domingo, 17 de junho de 2018

Clarice Lispector.

E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar para errar.
Não esquecer que o erro muitas vezes se tinha tornado o meu caminho. 
Todas as vezes em que não dava certo o que eu pensava ou sentia – é que se fazia, enfim, uma brecha, e, se antes eu tivesse tido coragem, já teria entrado por ela. 
Mas eu sempre tivera medo de delírio e erro. 
Meu erro, no entanto, devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que saio do que conheço e do que entendo. 
Se a verdade fosse aquilo que posso entender – terminaria sendo apenas uma verdade pequena, do meu tamanho. 
(Clarice Lispector. A paixão segundo G.H. 1990)

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